quarta-feira, 31 de março de 2010

S.O.S Cultura



Diana - Caçadora, Praça Pedro lessa


S.O.S Cultura


Mônica Cardoso - O Estadao de S.Paulo



Uma escultura não tem braço. Da outra, levaram a orelha. E ainda há uma terceira sem óculos. Há muitas esculturas expostas em praças e ruas de São Paulo danificadas. Na Praça da Sé, a escultura abstrata Nuvem sobre a Cidade foi depredada há algumas semanas. Está torta e a parte suspensa entre dois pilares, no chão. A peça de aço inox foi comprada pela Prefeitura e instalada no local há mais de 30 anos. "Nem sabia que estava danificada. Quem me avisou foi você, mas deveria ser alguém do poder público. Fiquei muito chateado", diz o autor, o artista plástico Nicolas Vlavianos, de 80 anos.
Outra obra dele, Progresso, instalada no Largo do Arouche, está riscada e pichada. A escultura de 8 metros de altura feita de chapa de ferro já foi repintada duas vezes. Mas Vlavianos lembra de uma escultura em perfeito estado. De aço inox, Homem Pássaro está no Parque da Luz. Como as outras 53 obras espalhadas pelo parque, é conservada e restaurada periodicamente pela equipe técnica da Pinacoteca. "Colocar grades para proteger uma obra seria absurdo. Elas foram feitas para a população chegar perto, sentir, cheirar", diz o artista. "Não adianta ter monumentos se não há quem tome conta. As empresas poderiam protegê-los em troca de propaganda."
O Departamento do Patrimônio Histórico (DPH), órgão da Secretaria Municipal de Cultura responsável pela conservação e restauro dos monumentos, não tem prazo para recuperar a obra da Sé. "Vamos analisar se poderá ser recuperada no local. Caso tenha de ser transportada, precisaremos da ajuda da Secretaria das Subprefeituras", diz a arquiteta Rafaela Bernardes, da Comissão Permanente de Análise de Obras de Arte e Monumentos Artísticos em Espaços Públicos. O DHP ainda não sabe se o restauro será feito por licitação ou receberá recursos públicos. A verba para manutenção e recuperação de monumentos prevista para este ano é de R$ 200 mil, como em 2008. "Muitas vezes a recuperação de uma só peça pode ultrapassar esse valor", diz Rafaela. O DPH não tem o número de obras danificadas ou furtadas.
Ainda no Largo do Arouche, na frente do prédio da Academia Paulista de Letras, todos os bustos de escritores paulistas estão incompletos. Do escritor José Pedro Leite Cordeiro levaram os óculos. O busto de José Augusto Cesar Salgado foi furtado. De um outro escritor levaram tudo: placa e busto. Como corria risco de ser depredado, o busto de Aureliano Leite foi levado para o depósito do DPH.
Além dele, estão lá um fragmento do braço de Diana Caçadora, que fica na Praça Pedro Lessa, o Monumento a Cícero, também do Arouche, e Heróis da Aviação, da Praça Coronel Fernando Prestes. Mesmo obras recentemente recuperadas já sofreram vandalismo. Amor Materno, esculpida em mármore pelo francês Charles-Louis Eugène Virion (1865- 1946), está sem orelha desde janeiro. A obra havia sido recuperada pouco antes pela Votorantim e elevada sobre uma base. De nada adiantou.
Os bustos e placas furtados, de bronze, são vendidos por um valor abaixo do real. Para tentar coibir o furto, as placas de bronze das obras restauradas na campanha Adote uma Obra Artística foram substituídas por granito. O DPH estuda trocar as peças constantemente furtadas por materiais inferiores, como resina. A empresa que adota um monumento fica responsável por sua conservação por dois anos. Depois, ela volta a ser feita pelo DPH.
Para o presidente da Viva o Centro, Marco Antonio de Almeida, a solução está numa gestão compartilhada entre a sociedade civil e empresas privadas. "Deveria ser criado um sistema de zeladoria urbana no centro, como há em Nova York."









http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20090528/not_imp378212,0.php

segunda-feira, 22 de março de 2010

Dia Mundial da água





Água que nasce na fonte
Serena do mundo
E que abre um
Profundo grotão
Água que faz inocente
Riacho e deságua
Na corrente do ribeirão...

Águas escuras dos rios
Que levam
A fertilidade ao sertão
Águas que banham aldeias
E matam a sede da população...


Guilherme Arantes



Hoje, data em que se comemora do Dia Mundial da Água, a Organização das Nações Unidas (ONU) divulgou um comunicado sobre a qualidade do recurso, vital para a vida na Terra. No documento, a entidade lembra que a qualidade da água em todo o mundo é ameaçada pelo crescimento populacional e pela expansão das atividades industrial e agrícola.

O texto afirma também que as mudanças climáticas ameaçam alterar o ciclo global hídrico e que há a necessidade urgente que os setores público e privado de todo o mundo se unam para assumir o desafio de proteger e melhorar a qualidade de rios, lagos e aquíferos. Para tanto, diz o documento, a população deve se comprometer a evitar a poluição futura da água, tratando as já contaminadas, e restaurar a qualidade e saúde de rios, lagos aquíferos e ecossistemas aquáticos.

"A qualidade da água se tornou uma questão global", diz o comunicado, lembrando os milhões de toneladas de esgoto e dejetos industriais e agrícolas que são despejados diariamente nos rios. Em consequência dessa prática, mais pessoas morrem por contato com água contaminada do que a soma de todas as formas de violência, sendo que os mais atingidos são crianças menores de cinco anos.


Além da questão humana, o relatório fala sobre as perdas econômicas decorrentes, lembrando que a falta de água e de instalações sanitárias, apenas na África, são estimadas em US$ 28,4 bilhões, o que significa cerca de 5% de seu Produto Interno Bruto (PIB).

A boa notícia, lembra a ONU, é que soluções são implementadas em vários lugares. Mas a entidade diz que atitudes corajosas precisam ser tomadas nos âmbitos internacional, nacional e local, já que o assunto precisa ser tratado como prioridade global, pois a vida humana depende de nossas ações tomadas hoje. O documento é encerrado com a frase "água é vida".




AE - Agência Estado

http://www.estadao.com.br/noticias/geral,no-dia-mundial-da-agua-onu-defende-urgencia-de-preservacao,527671,0.htm

domingo, 14 de março de 2010

Luís Gama- Poeta negro parte l


Patrono da cadeira nº 15 da Academia Paulista de Letras, poeta, advogado, jornalista e um dos mais combativos abolicionistas de nossa história.Luís Gonzaga Pinto da Gama era filho da africana livre Luiza Mahin, uma das principais figuras da Revolta dos Malês,





Junto á estátua



Em nós, até a cor é um defeito.
Um imperdoável mal de nascença,
o estigma de um crime.
Mas nossos críticos se esquecem
que essa cor, é a origem da riqueza
de milhares de ladrões que nos
insultam; que essa cor convencional
da escravidão tão semelhante
à da terra, abriga sob sua superfície
escura, vulcões, onde arde
o fogo sagrado da liberdade."





SONETO



Sob a copa frondosa e recurvada

De enorme gameleira, secular,

Sentado numa ufa a se embalar,

Estava certa moça enamorada.



Eis que rola dos ramos inflamada

Tremenda jararaca a sibilar;

Fica a jovem na corda, sem parar,

Como a Ninfa de amor eletrizada!



Anjo Bento! exclamaram os circunstantes;

— Foge a cobra de horrenda catadura,

Os olhos revolvendo coruscantes.



Mas a bela moçoila com frescura

Num sorriso acrescenta — é das amantes

Nem das serpes temer a picadura

segunda-feira, 8 de março de 2010

O caminho para a distância



A uma mulher


Quando a madrugada entrou eu estendi o meu peito nu sobre o teu peito
Estavas trêmula e teu rosto pálido e tuas mãos frias
E a angústia do regresso morava já nos teus olhos
Tive piedade do teu destino que era morrer no meu destino
Quis afastar por um segundo de ti o fardo da carne
Quis beijar-te num vago carinho agradecido
Mas quando meus lábios tocaram teus lábios
Eu compreendi que a morte já estava no teu corpo
E que era preciso fugir para não perder o único instante
Em que foste realmente a ausência de sofrimento
Em que realmente foste a serenidade.



Vinicius de Moraes
Rio de Janeiro 1933

MULHER! hoje é só mais um dia.



Não sei...
Se a vida é curta Ou longa demais pra nós,
Mas sei que nada do que vivemos Tem sentido,
se não tocamos o coração das pessoas.
Muitas vezes basta ser:
Colo que acolhe,
Braço que envolve,
Palavra que conforta,
Silêncio que respeita,
Alegria que contagia,
Lágrima que corre,
Olhar que acaricia,
Desejo que sacia,
Amor que promove.
E isso não é coisa de outro mundo,
É o que dá sentido à vida.
É o que faz com que ela Não seja nem curta,
Nem longa demais,
Mas que seja intensa,
Verdadeira,
pura...
Enquanto durar




Cora Coralina