segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

O correr da vida!




O correr da vida embrulha tudo,
A vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem .



João Guimarães Rosa

sábado, 4 de dezembro de 2010

Guilherme de Almeida





Essa que eu hei de amar perdidamente um dia
será tão loura, e clara, e vagarosa, e bela,
que eu pensarei que é o sol que vem, pela janela,
trazer luz e calor a essa alma escura e fria.

E quando ela passar, tudo o que eu não sentia
da vida há de acordar no coração, que vela…
E ela irá como o sol, e eu irei atrás dela
como sombra feliz… — Tudo isso eu me dizia,

quando alguém me chamou. Olhei: um vulto louro,
e claro, e vagaroso, e belo, na luz de ouro
do poente, me dizia adeus, como um sol triste…

E falou-me de longe: "Eu passei a teu lado,
mas ias tão perdido em teu sonho dourado,
meu pobre sonhador, que nem sequer me viste!"





sábado, 20 de novembro de 2010

Futebol


"Futebol se joga no estádio?
Futebol se joga na praia,
futebol se joga na rua,
futebol se joga na alma”


Carlos Drummond de Andrade

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Vidas Secas

Artista: Abelardo da Hora - Ana .C. Esteves


"Começamos oprimidos pela sintaxe e acabamos às voltas
com a Delegacia de Ordem Política e Social, mas, nos
estreitos limites a que nos coagem a gramática e a lei,
ainda nos podemos mexer"




Graciliano Ramos



Bilhete

Se tu me amas, ama-me baixinho

Não o grites de cima dos telhados

Deixa em paz os passarinhos

Deixa em paz a mim!


Se me queres,

enfim,

tem de ser bem devagarinho, Amada,

que a vida é breve, e o amor mais breve ainda...

sábado, 19 de junho de 2010

José Saramago






Poema à boca fechada


Não direi:

Que o silêncio me sufoca e amordaça.

Calado estou, calado ficarei,

Pois que a língua que falo é de outra raça.

Palavras consumidas se acumulam,

Se represam, cisterna de águas mortas,

Ácidas mágoas em limos transformadas,

Vaza de fundo em que há raízes tortas.

Não direi:

Que nem sequer o esforço de as dizer merecem,

Palavras que não digam quanto sei

Neste retiro em que me não conhecem.

Nem só lodos se arrastam, nem só lamas,

Nem só animais bóiam, mortos, medos,

Túrgidos frutos em cachos se entrelaçam

No negro poço de onde sobem dedos.

Só direi, Crispadamente recolhido e mudo,

Que quem se cala quando me calei

Não poderá morrer sem dizer tudo.





(In OS POEMAS POSSÍVEIS, Editorial CAMINHO, Lisboa, 1981. 3ª edição)

terça-feira, 25 de maio de 2010

Mário Quintana- John Keats



Mário Quintana faz citação ao grande poeta John Keats

Uma alegria para sempre

"As coisas que não conseguem ser
olvidadas continuam acontecendo.
Sentimo-las como da primeira vez,
sentimo-las fora do tempo,
nesse mundo do sempre onde as
datas não datam.

Só no mundo do nunca
existem lápides... Que importa se –
depois de tudo – tenha "ela" partido,
casado, mudado, sumido, esquecido,
enganado, ou que quer que te haja
feito, em suma?

Tiveste uma parte da
sua vida que foi só tua e, esta, ela
jamais a poderá passar de ti para ninguém.

Há bens inalienáveis, há certos momentos que,
ao contrário do que pensas,
fazem parte da tua vida presente
e não do teu passado. E abrem-se no teu
sorriso mesmo quando, deslembrado deles,
estiveres sorrindo a outras coisas.

Ah, nem queiras saber o quanto
deves à ingrata criatura...
A thing of beauty is a joy for ever
disse, há cento e muitos anos, um poeta
inglês que não conseguiu morrer."

Mário Quintana

domingo, 23 de maio de 2010

Bem dito!





Bem dito seja esse Carlos,
Bem dito seja esse homem,
Bem dito seja o fruto de suas ideias,
Que seja Bem dita a poesia!





Projeto SP Arte
A.C.Esteves

Caro Ziraldo





imagem-www.culturakids.com.br/.../2010/01/ziraldo.gif

ziraldo.blogtv.uol.com.br/


A Carta



Meu caro ziraldo,

Sem querer utilizar jargões ou expressões “manjadas” ,mas quando li “ A canção de minha vida” escrito por você aos 19 anos, identifiquei-me completamente.
Bom, arriscaria dizer que para grande maioria dos adolescentes essa etapa da vida é uma grande confusão. Ora! Não é pra menos,já que num piscar de olhos aquela criança que tinha medo do escuro e só dormia com as luzes acesas, percebe que dentro da escuridão se esconde: monstros,medos,amores e fantasias e tudo que achávamos ser importante na infância agora não tem o menor sentido.
Quando jovens, o antagonismo é a lei e a ordem, a contradição é um mero capricho.
Nossos sentimento são voláteis e nossa vida uma verdadeira incerteza.
Então, como gritar se nossa voz é tremula e desafinada , como amar se a cada minuto amamos uma pessoa diferente,como entender o mundo se o mundo próprio não se entende .


Ziraldo,

Quem nunca escreveu um poema de amor? ,
Quem nunca amou e não foi correspondido?
Quem nunca leu cartas de amor e as achou ridículas?
Quem nunca leu Fernando Pessoa?
Acredito firmemente, que aqueles que superam suas incertezas e expõem seu sentimentos seja : escrevendo-os ,pintando- os ou cantando- os; são jovens destemidos, que passaram pela adolescência e estão prontos para amarem a e serem amados, prontos para deixar para traz a infância e aptos a fazer da maior jornada da vida: a própria vida .

Eu queria ter um dom
Poder transformar em flor tudo aquilo que eu tocasse
Eu queria ter um dom
Poder fazer renascer tudo aquilo que eu quisesse
Eu queria ter um dom
Poder parar o tempo enquanto eu te admirasse
Eu queria ter um dom
Mas não tenho!


A.C.Esteves 1985

domingo, 16 de maio de 2010

Virada Cultural- Adoniran Barbosa



foto: broadequeijo.blogspot.com






Virada Cultural
Adoniran Barbosa


Saudosa Maloca




Si o senhor não tá lembrado dá licença de contá


Que aqui onde agora está esse edifício artoera uma casa véia


Um palacete assobradado


Foi aqui seu moço que eu,


Mato Grosso e o Joca construimos nossa maloca


Mais, um dia nois nem pode se alembrá


Veio os home cas ferramentas


O dono mandô derrubá


Peguemos tudo as nossas coisa


E fumos pro meio da rua preciá a demolição


Que tristeza que nóis sentia cada táuba que caía


Duia no coração Mato Grosso quis gritá


Mas em cima eu falei:Os homi tá cá razão


Nós arranja outro lugá


Só se conformemos quando o Joca falou:


"Deus dá o frio conforme o cobertô"


E hoje nóis pega a páia nas grama do jardim


E prá esquecê nóis cantemos assim:


Saudosa maloca, maloca querida,


Que dim donde nóis passemos dias feliz de nossa vida

domingo, 25 de abril de 2010

...Tudo vai mudar!



Foto: A.C.Esteves










É preciso a certeza de que tudo vai mudar;

É necessário abrir os olhos e perceber que as coisas boas estão dentro de nós:

onde os sentimentos não precisam de motivos nem os desejos de razão.

O importante é aproveitar o momento e aprender sua duração;

Pois a vida está nos olhos de quem sabe ver ...

Se não houve frutos, valeu a beleza das flores.

Se não houve flores, valeu a sombra das folhas.

Se não houve folhas, valeu a intenção da semente.


Henfil

sábado, 17 de abril de 2010

Se procurar...



Se procurar bem você acaba encontrando.

Não a explicação (duvidosa) da vida,

Mas a poesia (inexplicável) da vida.



Carlos Drummond de Andrade

Um Ausente

Foto: A.C.Esteves



Tenho razão de sentir saudade, tenho razão de te acusar.

Houve um pacto implícito que rompeste e sem te despedires foste embora.

Detonaste o pacto.

Detonaste a vida geral, a comum aquiescência de viver e explorar os rumos de obscuridade sem prazo sem consulta sem provocação até o limite das folhas caídas na hora de cair.
Antecipaste a hora.

Teu ponteiro enlouqueceu, enlouquecendo nossas horas.

Que poderias ter feito de mais grave do que o ato sem continuação, o ato em si, o ato que não ousamos nem sabemos ousar porque depois dele não há nada?
Tenho razão para sentir saudade de ti, de nossa convivência em falas camaradas, simples apertar de mãos, nem isso, voz modulando sílabas conhecidas e banais que eram sempre certeza e segurança.
Sim, tenho saudades.

Sim, acuso-te porque fizeste o não previsto nas leis da amizade e da natureza nem nos deixaste sequer o direito de indagar porque o fizeste, porque te foste







Carlos Drummond de Andrade



quarta-feira, 31 de março de 2010

S.O.S Cultura



Diana - Caçadora, Praça Pedro lessa


S.O.S Cultura


Mônica Cardoso - O Estadao de S.Paulo



Uma escultura não tem braço. Da outra, levaram a orelha. E ainda há uma terceira sem óculos. Há muitas esculturas expostas em praças e ruas de São Paulo danificadas. Na Praça da Sé, a escultura abstrata Nuvem sobre a Cidade foi depredada há algumas semanas. Está torta e a parte suspensa entre dois pilares, no chão. A peça de aço inox foi comprada pela Prefeitura e instalada no local há mais de 30 anos. "Nem sabia que estava danificada. Quem me avisou foi você, mas deveria ser alguém do poder público. Fiquei muito chateado", diz o autor, o artista plástico Nicolas Vlavianos, de 80 anos.
Outra obra dele, Progresso, instalada no Largo do Arouche, está riscada e pichada. A escultura de 8 metros de altura feita de chapa de ferro já foi repintada duas vezes. Mas Vlavianos lembra de uma escultura em perfeito estado. De aço inox, Homem Pássaro está no Parque da Luz. Como as outras 53 obras espalhadas pelo parque, é conservada e restaurada periodicamente pela equipe técnica da Pinacoteca. "Colocar grades para proteger uma obra seria absurdo. Elas foram feitas para a população chegar perto, sentir, cheirar", diz o artista. "Não adianta ter monumentos se não há quem tome conta. As empresas poderiam protegê-los em troca de propaganda."
O Departamento do Patrimônio Histórico (DPH), órgão da Secretaria Municipal de Cultura responsável pela conservação e restauro dos monumentos, não tem prazo para recuperar a obra da Sé. "Vamos analisar se poderá ser recuperada no local. Caso tenha de ser transportada, precisaremos da ajuda da Secretaria das Subprefeituras", diz a arquiteta Rafaela Bernardes, da Comissão Permanente de Análise de Obras de Arte e Monumentos Artísticos em Espaços Públicos. O DHP ainda não sabe se o restauro será feito por licitação ou receberá recursos públicos. A verba para manutenção e recuperação de monumentos prevista para este ano é de R$ 200 mil, como em 2008. "Muitas vezes a recuperação de uma só peça pode ultrapassar esse valor", diz Rafaela. O DPH não tem o número de obras danificadas ou furtadas.
Ainda no Largo do Arouche, na frente do prédio da Academia Paulista de Letras, todos os bustos de escritores paulistas estão incompletos. Do escritor José Pedro Leite Cordeiro levaram os óculos. O busto de José Augusto Cesar Salgado foi furtado. De um outro escritor levaram tudo: placa e busto. Como corria risco de ser depredado, o busto de Aureliano Leite foi levado para o depósito do DPH.
Além dele, estão lá um fragmento do braço de Diana Caçadora, que fica na Praça Pedro Lessa, o Monumento a Cícero, também do Arouche, e Heróis da Aviação, da Praça Coronel Fernando Prestes. Mesmo obras recentemente recuperadas já sofreram vandalismo. Amor Materno, esculpida em mármore pelo francês Charles-Louis Eugène Virion (1865- 1946), está sem orelha desde janeiro. A obra havia sido recuperada pouco antes pela Votorantim e elevada sobre uma base. De nada adiantou.
Os bustos e placas furtados, de bronze, são vendidos por um valor abaixo do real. Para tentar coibir o furto, as placas de bronze das obras restauradas na campanha Adote uma Obra Artística foram substituídas por granito. O DPH estuda trocar as peças constantemente furtadas por materiais inferiores, como resina. A empresa que adota um monumento fica responsável por sua conservação por dois anos. Depois, ela volta a ser feita pelo DPH.
Para o presidente da Viva o Centro, Marco Antonio de Almeida, a solução está numa gestão compartilhada entre a sociedade civil e empresas privadas. "Deveria ser criado um sistema de zeladoria urbana no centro, como há em Nova York."









http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20090528/not_imp378212,0.php

segunda-feira, 22 de março de 2010

Dia Mundial da água





Água que nasce na fonte
Serena do mundo
E que abre um
Profundo grotão
Água que faz inocente
Riacho e deságua
Na corrente do ribeirão...

Águas escuras dos rios
Que levam
A fertilidade ao sertão
Águas que banham aldeias
E matam a sede da população...


Guilherme Arantes



Hoje, data em que se comemora do Dia Mundial da Água, a Organização das Nações Unidas (ONU) divulgou um comunicado sobre a qualidade do recurso, vital para a vida na Terra. No documento, a entidade lembra que a qualidade da água em todo o mundo é ameaçada pelo crescimento populacional e pela expansão das atividades industrial e agrícola.

O texto afirma também que as mudanças climáticas ameaçam alterar o ciclo global hídrico e que há a necessidade urgente que os setores público e privado de todo o mundo se unam para assumir o desafio de proteger e melhorar a qualidade de rios, lagos e aquíferos. Para tanto, diz o documento, a população deve se comprometer a evitar a poluição futura da água, tratando as já contaminadas, e restaurar a qualidade e saúde de rios, lagos aquíferos e ecossistemas aquáticos.

"A qualidade da água se tornou uma questão global", diz o comunicado, lembrando os milhões de toneladas de esgoto e dejetos industriais e agrícolas que são despejados diariamente nos rios. Em consequência dessa prática, mais pessoas morrem por contato com água contaminada do que a soma de todas as formas de violência, sendo que os mais atingidos são crianças menores de cinco anos.


Além da questão humana, o relatório fala sobre as perdas econômicas decorrentes, lembrando que a falta de água e de instalações sanitárias, apenas na África, são estimadas em US$ 28,4 bilhões, o que significa cerca de 5% de seu Produto Interno Bruto (PIB).

A boa notícia, lembra a ONU, é que soluções são implementadas em vários lugares. Mas a entidade diz que atitudes corajosas precisam ser tomadas nos âmbitos internacional, nacional e local, já que o assunto precisa ser tratado como prioridade global, pois a vida humana depende de nossas ações tomadas hoje. O documento é encerrado com a frase "água é vida".




AE - Agência Estado

http://www.estadao.com.br/noticias/geral,no-dia-mundial-da-agua-onu-defende-urgencia-de-preservacao,527671,0.htm

domingo, 14 de março de 2010

Luís Gama- Poeta negro parte l


Patrono da cadeira nº 15 da Academia Paulista de Letras, poeta, advogado, jornalista e um dos mais combativos abolicionistas de nossa história.Luís Gonzaga Pinto da Gama era filho da africana livre Luiza Mahin, uma das principais figuras da Revolta dos Malês,





Junto á estátua



Em nós, até a cor é um defeito.
Um imperdoável mal de nascença,
o estigma de um crime.
Mas nossos críticos se esquecem
que essa cor, é a origem da riqueza
de milhares de ladrões que nos
insultam; que essa cor convencional
da escravidão tão semelhante
à da terra, abriga sob sua superfície
escura, vulcões, onde arde
o fogo sagrado da liberdade."





SONETO



Sob a copa frondosa e recurvada

De enorme gameleira, secular,

Sentado numa ufa a se embalar,

Estava certa moça enamorada.



Eis que rola dos ramos inflamada

Tremenda jararaca a sibilar;

Fica a jovem na corda, sem parar,

Como a Ninfa de amor eletrizada!



Anjo Bento! exclamaram os circunstantes;

— Foge a cobra de horrenda catadura,

Os olhos revolvendo coruscantes.



Mas a bela moçoila com frescura

Num sorriso acrescenta — é das amantes

Nem das serpes temer a picadura

segunda-feira, 8 de março de 2010

O caminho para a distância



A uma mulher


Quando a madrugada entrou eu estendi o meu peito nu sobre o teu peito
Estavas trêmula e teu rosto pálido e tuas mãos frias
E a angústia do regresso morava já nos teus olhos
Tive piedade do teu destino que era morrer no meu destino
Quis afastar por um segundo de ti o fardo da carne
Quis beijar-te num vago carinho agradecido
Mas quando meus lábios tocaram teus lábios
Eu compreendi que a morte já estava no teu corpo
E que era preciso fugir para não perder o único instante
Em que foste realmente a ausência de sofrimento
Em que realmente foste a serenidade.



Vinicius de Moraes
Rio de Janeiro 1933

MULHER! hoje é só mais um dia.



Não sei...
Se a vida é curta Ou longa demais pra nós,
Mas sei que nada do que vivemos Tem sentido,
se não tocamos o coração das pessoas.
Muitas vezes basta ser:
Colo que acolhe,
Braço que envolve,
Palavra que conforta,
Silêncio que respeita,
Alegria que contagia,
Lágrima que corre,
Olhar que acaricia,
Desejo que sacia,
Amor que promove.
E isso não é coisa de outro mundo,
É o que dá sentido à vida.
É o que faz com que ela Não seja nem curta,
Nem longa demais,
Mas que seja intensa,
Verdadeira,
pura...
Enquanto durar




Cora Coralina

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Vinícius de Moraes

Dobrado de amor a São Paulo



São Paulo, 400 anos
E eu, coitada
400 desenganos de amor
Eu daqui não saio mais, de São Paulo,
Isso aqui está bom demais,
em São Paulo
Ai, que bem isso me faz
Se o frio aperta,
eu pego o cobertor
Abraço mais o meu amor
E vou até de manhã,
em São Paulo
Isso aqui está bom demais,
em São Paulo
Eu daqui não saio mais,
de São Paulo,
Ai, que bem isso me faz
Chuva, garoa, ventania,
Troco a noite pelo dia
O tempo passa devagar
Sinto um bem-estar no coração
Vem o dia
E o sol me encontra
Na avenida São João...


Vinícius de Moraes e Antonio Maria

YouTube - Há uma música do povo

YouTube - Há uma música do povo
Fernando Pessoa
Intéprete: Mariza

A um ausente

(...)Tenho razão para sentir saudade de ti,
de nossa convivência em falas camaradas,
simples apertar de mãos,
nem isso,
voz modulando sílabas conhecidas e banais
que eram sempre certeza e segurança.
Sim, tenho saudades.
Sim, acuso-te porque fizeste o não previsto nas leis da amizade e da natureza
nem nos deixaste sequer o direito de indagar porque o fizeste,
porque te foste.

Carlos Drummond de Andrade

Felicidade!

Quantas vezes a gente,em busca da ventura,
Procede tal e qual o avozinho infeliz:
Em vão,por toda parte,os óculos procura
Tendo-os na ponta do nariz!


Mário Quintana

Não se mate

Carlos, sossegue,
o amor é isso que você está vendo:
hoje beija, amanhã não beija, depois de amanhã é domingo
e segunda-feira ninguém sabe o que será.
Inútil você resistir ou mesmo suicidar-se.
Não se mate,oh não se mate,
reserve-se todo para as bodas
que ninguém sabe quando virão,
se é que virão.
O amor, Carlos,
você telúrico,a noite passou em você,
e os recalques se sublimando,
lá dentro um barulho inefável,
rezas,
vitrolas,
santos que se persignam,
anúncios do melhor sabão,
barulho que ninguém sabe de quê, pra quê.
Entretanto você caminha melancólico e vertical.
Você é a palmeira,
você é o grito que ninguém ouviu no teatro e as luzes todas se apagam.
O amor no escuro, não, no claro,
é sempre triste, meu filho, Carlos,
mas não diga nada a ninguém,
ninguém sabe nem saberá.


Carlos Drummond de Andrade

Haiti



O Haiti é um pequeno país situado na América Central, porém é a maior ilha do arquipélago caribenho.
Com uma economia frágil e fundamentada no turismo é hoje o país mais pobre da América . No passado, entretanto, essa pequena ilha foi revolucionária,a população de negros que no século XV eram trazidos da África, iniciaram um movimento revolucionário que culminaria na independência do país . País esse que em tempos passado tinha sido cedido a França pela coroa espanhola.
A independência do Haiti é peculiar, pois foi o único país em que o movimento de emancipação foi conduzido por negros.
Incrível! Esse movimento culminaria em 1804 na independência dessa pequena ilha , desse pequeno pedaço tão distante da África , tornando-se o segundo país a gritar independência no continente americano, já que o primeiro tinha sido os Estados Unidos da América .
Um passado glorioso e um presente conturbado e miserável, a maioria da população sobrevive com apenas um dólar e hoje sob intervenção da ONU e com a ajuda “dos soldados da Paz” tenta tomar o rumo da democracia; depois de anos de ditadura.
Mais um golpe duro!
No dia 12 de janeiro, um terremoto de 7,0 pontos na escala Richter assolou a pequena ilha e destruiu a capital Porto Príncipe. Ainda não se sabe os números oficiais de mortos , porém estima-se em mais de 7 mil vitimados .Essas vítimas, também foram vítimas do descaso e da desigualdade social, já que essa pequena ilha está à deriva desde os tempos da independência .
Muitas instituições sem fins lucrativos (ONG´s) e muitos países de diversas partes do mundo inclusive o Brasil prestam ajuda e solidariedade.
Bem Amigos,
Toda solidariedade é bem vinda, no exato momento, o país precisa de ajuda financeira.

Texto: A.C.Esteves

Projeto SP Arte


Favorecido: Embaixada da República do Haiti
Agência: 1606-3
Conta corrente: 91.000-7
Caso seja necessário, informe o CNPJ da Embaixada: 04.170.237/0001-71

Cartas de Amor - Parte I









Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.
Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.

As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.

Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.

Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.

A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são
Ridículas.

(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente Ridículas)



Álvaro de Campos

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Freguesia do Ó é Rosas de Ouro!





Rainha da bateria -Ellen Rocche



CACAU
Um grão precioso que virou chocolate sem duvida, se transformou no melhor presente!


A origem e consumo de Cacau remonta à América Central, actual zonas do México e Guatemala, já que era aqui se localizavam a Civilização Maia, Oltecas e sobretudo os Asteca, datado do séc. VI a. C. . Este último povo utilizou o Cacau pela primeira vez como bebida, era fria e espumosa, designando-a de "Choco - latl" ou "Tchocolath" ou ainda "Xocolatl". A curiosidade de os homens provarem tal fruto veio da observação dos macacos, porque estes sugavam a polpa do Cacau. Assim, os aztecas criaram uma bebida nutritiva que recorria a especiarias, acompanhas com papas de milho e vinho de acordo com o gosto, sobretudo do rei Asteca Moctezuma II, já que este escolhia um prato entre 100 possibilidades apresentadas, comia frutas, bebia e comia Cacau, fumava (uma espécie de cachimbo feito de bambu, onde se colocava tabaco, carvão e aromatizantes), sendo servido por quatro mulheres. Este alimento só era utilizado na América para fazer uma bebida que só podia ser consumida por uma parte da população, sendo a sociedade azteca era composta por escravos, camponeses, comerciantes, artesãos, funcionários, senhores, sacerdotes e o imperador. Embora todo o povo azteca cultuasse o Deus Quetzalcoat (símbolo da união da terra e céu, conhecido por mil aparências, síntese entre quetzal - pássaro de plumas e coalt - serpente) por ter oferecido o Cacaueiro aos homens, celebrando as colheitas com rituais de sacrifícios humanos dando de beber às vítimas taças de Chocolate; porque era considerado "o Alimento dos Deuses". Esta era a bebida favorita dos imperadores aztecas, considerados deuses e o controle das bebidas fermentadas era muito grande, só podendo ser consumidas em dia de festas rituais.

http://www.revistamedica.8m.com/histomed151.htm




CACAU

Um grão precioso que virou chocolate sem duvida, se transformou no melhor presente!


É tão doce sonhar
E recordar a própria história
Eu, que já fui dádiva celestial
Em misteriosas civilizações
Fui batizado de cacau
Caminhei entre Maias e Astecas
Consagrei o meu "valor"
Caí na graça e no gosto
Na taça do imperador

A nobreza da Europa, eu conheci
E num tal "mexe-mexe", eu me vi
Ganhei um gosto especial
A mistura "deu carnaval"!

Sou rei entre os presentes
Se for falar de paixão
Nos sentidos dessa gente
Posso tocar um coração
Agradeço a cada sonhador
Que me deu forma, brilho e cor
Estou aqui pra festejar
Hoje sou o símbolo da vida,
Renasci nessa avenida
Na escolha popular

Ta na boca do povo:
"O Cacau é Show"!
Sou Rosas, Rosas de Ouro
Meu sabor te conquistou!


Parabéns!


Rosas de ouro campeã do carnaval paulista 2010


Fotos

g1.globo.com












quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Ascenso Ferreira


imagem A.C.Esteves




Hora de comer, - comer!
Hora de dormir, - dormir!
Hora de vadiar, - vadiar!
Hora de trabalhar?
Pernas pro ar que ninguém é de ferro!





Ascenso Ferreira

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Cecília Meireles - I Parte





Cecília Meireles

"...Liberdade, essa palavra
que o sonho humano alimenta
que não há ninguém que explique
e ninguém que não entenda..."

(Romanceiro da Inconfidência)





" Minha infância de menina sozinha deu-me duas coisas que parecem negativas, e foram sempre positivas para mim: silêncio e solidão. Essa foi sempre a área de minha vida. Área mágica, onde os caleidoscópios inventaram fabulosos mundos geométricos, onde os relógios revelaram o segredo do seu mecanismo, e as bonecas o jogo do seu olhar. Mais tarde foi nessa área que os livros se abriram, e deixaram sair suas realidades e seus sonhos, em combinação tão harmoniosa que até hoje não compreendo como se possa estabelecer uma separação entre esses dois tempos de vida, unidos como os fios de um pano."


Cecília Meireles





Motivo


Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.

Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.

Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
- não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.

Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
- mais nada.



Cecília Meireles





Retrato


Eu não tinha este rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios,
nem o lábio amargo.

Eu não tinha estas mãos sem força,
tão paradas e frias e mortas;
eu não tinha este coração
que nem se mostra.

Eu não dei por esta mudança,
tão simples, tão certa, tão fácil:
- Em que espelho ficou perdida a minha face?



Cecília Meireles




segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

São Paulo 456 anos de História

“Não sabemos se há outra no mundo com origem tão bela”
Padre Manoel da Nóbrega


Caros Amigos,


Se fossemos dizer que São Paulo é a maior cidade da América Latina ,uma das maiores metrópoles e que em 2025 será a 6ª cidade mais rica do mundo ,serão apenas dados estatísticos .Para aqueles que vivem ou sobrevivem da antiga Vila de São Paulo de Piratininga,ela é sem duvida a melhor escolha, a melhor oportunidade e por fim a melhor cidade.


Exaltada por muitos ,cantada por outros,criticada por tantos ,nascida em 25 de Janeiro de 1554,tendo Índios e padres como testemunhas de batismo a pequena vila cresceu e no próximo dia 25 de Janeiro completará 456 anos, de história, arte e música.


Para todos os lados que olhamos, encontramos um pedaço do Brasil,ora nos rostos daqueles que vieram do nordeste,ora nos rostos daqueles que saíram do sul ou até mesmo na miscigenação da raças que juntamente com a cor negra dos escravos trazidos da África formaram o povo brasileiro.


As esquinas da cidade são famosas, seus bares são boêmios e seus bairros são distantes mas quando falamos do trânsito, não há dúvida : esse é caótico. Entretanto a cidade é alegre, seu sorriso é aberto e seus prédios gigantescos. Essa é com certeza uma cidade de superlativos ela é o motor do Brasil por sua Pujança e com certeza uma megalópole por excelência .


A vida na paulicéia é desvairada e por aqui a Santa Ifigênia e a Rita de Cássia construíram o seu santuário com o apoio de São Paulo e São Bento. A maior Catedral esta na Praça da Sé, juntamente com o Marco ZERO,que é considerado o centro geográfico do Estado.


Mas isso não é uma surpresa, em 1693 Antônio Pais de Sande , governador do Rio de Janeiro, escreveu ao conselho Ultramarino dizendo que São Paulo seria a maior cidade da América do Sul.


Bem, aqui estamos , a pequena Vila cresceu e sob os olhos atentos de Padre José de Anchieta e Manoel da Nóbrega ,Piratininga prosperou e hoje somos 10.886.518 habitantes naquela que para muitos tinha ares frios e temperados como os de Espanha...Uma terra mui sadia ,fresca e de boas águas.

Parabéns São Paulo

Texto A.C.Esteves

Vídeo e Arte: Projeto Sp Arte

Música: Ronda Paulo Vanzolini

Intérprete: Angela Maria

Roteiro das fotos:

1-Patio do Colégio 2-símbolos da cidade

3-Praça da Sé 4-Praça da Sé

5-Largo São Bento 6-Largo São Bento

7-Viaduto do Chá 8-Viaduto do Chá

9-Viaduto do Chá 10-Mappim

11-Passagem do Vale-Correio 12- Teatro Municipal

13-Viaduto do Chá 14- Teatro Municipal

15-Edifício Copan 15-Estação da Luz

17-O bonde 18-Terraço Itália

19-Palácio dos Bandeirantes 20- Passeio de Barco no Cambuci

21-São Paulo a noite 22-Masp

23-Casa das Rosas 24-Av Paulista

25-Lago do Parque Ibirapuera 26-Fonte de água do Parque Ibirapuera

27-São Paulo

sábado, 23 de janeiro de 2010

Memorial da Resistência de São Paulo


Memorial da Resistência de São Paulo




Para celebrar o primeiro ano do Memorial da Resistência de São Paulo, a Secretaria de Estado da Cultura e a Pinacoteca do Estado de São Paulo lançam, em 23 de janeiro, um livro e um vídeo sobre a instituição. Inaugurado em janeiro de 2009, o espaço é dedicado à preservação das memórias da resistência e repressão políticas do Brasil republicano, e está instalado na Estação Pinacoteca – edifício ocupado, de 1940 a 1983, pelo Departamento Estadual de Ordem Política e Social de São Paulo – DEOPS/SP.


A publicação Memorial da Resistência de São Paulo, com 272 páginas, é ricamente ilustrada, e apresenta todos os passos da implantação do projeto museológico. O livro está dividido em quatro partes. A primeira traz palavras dos responsáveis pela institucionalização do Memorial, entre eles José Serra, Governador do Estado de São Paulo; João Sayad, Secretário de Estado da Cultura; e Luiz Antonio Guimarães Marrey, Secretário de Estado da Justiça e Defesa da Cidadania. A segunda apresenta a trajetória que precedeu a implantação do Memorial. Depois, textos explicam os passos interdisciplinares e multiprofissionais que nortearam criação da instituição. Por último, o livro trata da construção da memória política por meio do Memorial da Resistência.


Entre os autores dos textos, estão Kátia Felipini Neves, Maria Luíza Tucci Carneiro, Ivan Seixas e Maurice Politi. A coordenação editorial é de Marcelo Mattos Araujo e Maria Cristina Oliveira Bruno. Já os ensaios fotográficos levam as assinaturas de Pablo Di Giulio e Nair Benedicto.
Além do livro, o Memorial lança também um vídeo institucional, que apresenta o espaço e as atividades que têm sido realizadas dentro do seu programa museológico. A partir de 23 de janeiro, tanto o vídeo (R$ 5) quanto o livro (R$ 35) podem ser adquiridos na loja da Estação Pinacoteca.


Vale lembrar que, até maio de 2010, segue em cartaz no Memorial da Resistência a exposição Marighella, que lembra os 40 anos da morte do guerrilheiro comunista. Por meio de fotos, textos e vídeos, é possível conhecer mais sobre a vida de um dos ícones do combate à ditadura no Brasil.



Memorial da Resistência de São Paulo

Estação PinacotecaLargo General Osório, 66

LuzFone: 3324-0943/0944Funcionamento:

Terça-feira a domingo, das 10h às 17h30


Acesso a portadores de deficiência.

Estacionamento pago -Entrada Gratuita.
Fonte: ASSESSORIA DE IMPRENSA SEC Data: 18/01/2010


sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Elói Carmezini - a arte em pessoa

Elói Carmezini - a arte em pessoa

Elói Inácio Carmezini nasceu em 24 de setembro de 1942, em Tijucas, estado de Santa Catarina , num lugarzinho chamado Pinheiral, localizado no município de Major Gercino (SC).


Fanático pela arte é: autodidata, escultor, escritor e pintor.


Como escultor, aprendeu o ofício desde pequeno aos 8 anos. Em suas obras faz transcender sua satisfação íntima, embebida de muito sentimento para serem saboreadas com os olhos e o coração. Também possui noções de desenho, perspectiva e sombreamento. Os desenhos de “papel” canson somam-se as centenas.


Ao pintar um grande contingente de cores que dançam em suas telas; aparecem ora como pinturas abstratas, ora com o formato de pessoas.


O espaço, o tempo, conflito e personagens são elementos que constituem pequenas histórias em seus contos publicados na internet (http://www.carmezini.com.br/), que foram vivenciadas por ele, ou traduzem o imaginário do autor. Seus personagens se misturam nos mais variados assuntos com pitadas de humor, ou malícia; e outras histórias carregam tons de crítica e polêmica.

Autodidata, aprendeu sozinho mergulhado em gramática e livros, idioma e a cultura de vários povos. Não queira conversar em grego com ele, pois até quem estudou fica perdido! Atualmente, possui como “hobby” a pesquisa e a compra de livros antigos de literatura pela internet; como primeira edição ou edições importantes de clássicos literários, gramáticas ou livros de nossa história. Neste contexto, seu autodidatismo o levou a aprender a computação gráfica e programação, o que auxilia na criação de novas capas para estes livros antigos.


Teve várias de suas obras publicadas e seus trabalhos expostos em inúmeras exposições por Santa Catarina e Paraná. Porém, um incêndio que destruiu sua casa nos Açores, Pântano do Sul- Florianópolis, em 1999, levou todos seus registros relativo a prêmios, exposições, menções, etc... Mas nada disso o abateu! A obra em escultura e pintura ultrapassa um milhar!!! Tendo o convívio com este artista, sei que este número cresce a cada dia! Há muito vigor artístico, há muita obra para se mostrar! Sua mais nova dedicação é esculpir um vaso em pedra sabão, material vindo da cidade de Mariana-MG, mas ainda pinta fazendo com que as cores dancem; e escreve com dedicação.


O estilo que usa para criação de todo seu arsenal artístico é o seu “eu”, ou seja, não há técnica específica, como ele mesmo diz:

"A minha arte não se preocupa com estilos, movimentos, modismos ou opiniões críticas. Pinto telas e crio esculturas das coisas e seres que estão no meu ambiente, com a visão da minha cultura.
Meu estilo não é o estilo de um aborígine australiano tão do gosto de certos críticos, simplesmente porque não sou um aborígene. Tão pouco sou pós-moderno. Minha arte, meu estilo, sou eu. E eu sou eclético, sem ser sincrético!"

(Elói Inácio Carmezini)


É polêmico e contestador, mas é um senhor que carrega dentro de si a arte; e que quando externada com grande sentimentalismo nas várias habilidades artísticas que possui semeia a felicidade para aqueles que apreciam a arte.

Artista: Elói Carmezini

Texto : Eliane Ferreira

Música: Eu sei que vou te amar

Tom Jobim & Vinicius de Moraes

Projeto SP Arte

Roteiro das obras

"Três graças" - Escultura em madeira de cedro rosa - 1,04m de altura x 0,60 de largura - 1980.

"Sofrimento" - Terracota - 15 cm de altura - 1993.

"Regata" - Tinta acrílica sobre tela - 50 x 65 cm - 1993

"Estudo abstrato" Tinta acrílica sobre tela 30 x 40 cm - 1993

"Surreal I" - Tinta acrílica sobre eucatex. 45 X 60 cm - 2004

Sonia" - Tinta acrílica sobre eucatex. – 2001

"Crepúsculo" - Acrílico sobre tela - 50 x 60 - 1988.

"Vela ao vento" -Tinta acrílica sobre tela 30 x 40 cm - 1989

"Igrejinha II" - Tinta acrílica sobre tela. 20 x 30 cm - 1993

"Casa com hortências" - Acrílico disco de vinil - 1996.

"Retrato de Rita" - Acrílico sobre tela - 40 x 60 cm - 2000

"Alegria" - Acrílico sobre eucatex - 50 x 61 cm - 2001. Ref. 0891

"Igrejinha IV" -Tinta acrílica sobre eucatex. - 45 x 60 cm - 2003. Ref. 0997

"O Vinhateiro" - retrato de Artur Valentim Carmezini -Tinta acrílica sobre eucatex. 40 x 53 cm - 2003

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Abelardo da Hora





Abelardo da Hora
Um homem, mil histórias



Com 85anos e em plena vivacidade e atividade artística, Abelardo da Hora viaja com sua Exposição itinerante


" AMOR & SOLIDARIEDADE"



Considerado por muitos como sendo”Mestre dos artistas”,Abelardo além de escultor é gravador,desenhista e ceramista, tendo entre suas obras, o monumento aos heróis da revolução pernambucana de 1817 e o monumento a zumbi dos Palmares, tendo sido condecorado com a comenda da Ordem de Rio Branco, pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso em 27/04/1995.

Esse artista que afirma: “ O amor eu dedico as mulheres e a solidariedade ao povo brasileiro” está com algumas de suas obras em exposição no vão livre do MASP- Museu de Arte de São Paulo - em comemoração aos 60 anos de sua primeira exposição.

As obras expostas possuem aspectos contraditórios: esculpidos em silhuetas voluptuosas os nus femininos revelam uma mulher ardente, romântica e algumas vezes solitária, se opondo ao sofrimento e a dor de retirantes nordestinos com seus corpos fragilizados e entregues ao acaso.


Entretanto, podemos notar que em ambas as situações por mais distantes que possam parecer o sentimento de amor bem como o de caridade estão presentes em todas as obras.



Tendo uma trajetória de vida ligada as questões políticas e sociais, Abelardo teve seu nome associado ao Partido Comunista e ajudou a fundar o Movimento de Cultura Popular- MPC em Recife, que serviu de inspiração para outros movimentos e ações culturais no pais.



No auge do MPC, em 1962, Abelardo criou um dos seus mais expressivos trabalhos: a série de 22 desenhos a bico de pena, intitulado” Meninos do Recife” que tinham como compromisso social, retratar a miséria física das crianças de rua, bem como o flagelo cultural do povo brasileiro, que em plena ditadura militar tinham suas manifestações sociais, culturais e políticas reprimidas.Tal repressão militar convergiu na queima e destruição de boa parte da coleção “Meninos do Recife”.



A vida desse artista segue uma trajetória de desafios, conquistas e vitórias, com uma participação atuante nas esferas culturais e sociais do pais sendo hoje, um dos raros expressionista brasileiros em atividade.


Sob a concepção do Instituto Abelardo da Hora, esta é uma grande mostra retrospectiva, idealizada para celebrar as seis décadas da primeira exposição deste mestre, um dos marcos fundamentais da arte moderna brasileira que, aos 85 anos, é um dos poucos escultores expressionistas de vulto em plena atividade no Brasil.


Apresentando diversas fases do artistas, a mostra oferece ao público a oportunidade de conhecer de perto as várias faces de um gênio das artes plásticas brasileiras, suas temáticas e suas preocupações como criador e como cidadão.


FICHA TÉCNICA

Exposição Amor e Solidariedade60 Anos da Primeira ExposiçãoIndividual de Abelardo da HoraOBRAS:50 esculturas;3 séries temáticas de desenhos;1 série de desenhos diversos;3 conjuntos escultóricos;2 salvas circulares em gesso;5 bacias cerâmicas;3 jarros cerâmicos.TOTAL130 obras.PESO TOTAL:25 toneladas.

www.iah.org.br

MASP

Av. Paulista, 1578 - São Paulo - SP Telefone


Fax 55 - 11 - 32515644


Próximo à estação de metrô Trianon-MASP


Projeto SP Arte- A.C.Esteves


domingo, 17 de janeiro de 2010




Programação especial de aniversário:

http://www.poiesis.org.br/casadasrosas/

http://catracalivre.folha.uol.com.br/

São Paulo 456 anos de pura Arte,Poesia & Música




Não sabemos se há outra no mundo com origem tão bela”
Padre Manoel da Nóbrega


O objetivo do “ Projetosparte” é mostrar que São Paulo é muito mais que uma megalópole.
Somos cidadãos do mundo e queremos compartilhar nossos medos,alegrias e prazeres em sermos Paulistas,Paulistanos e brasileiros.

São Paulo é Pura Arte,Poesia & Música
Parabéns!

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Àlvares de Azevedo

Anjo e Eva
SONETO

Pálida, a luz da lâmpada sombria,
Sobre o leito de flores reclinadas,
Como a lua por noite embalsamada,
Entre as nuvens do amor ela dormia!
Era a virgem do mar! Na escuma fria
Pela maré das águas embalada...
- Era um anjo entre nuvens d’alvorada
Que em sonhos se banhava e se esquecia!
Era mais bela! O seio palpitando...
Negros olhos as pálpebras abrindo...
Formas nuas no leito resvalando...
Não te rias de mim, meu anjo lindo!
Por ti - as noites eu velei chorando
Por ti - nos sonhos morrerei sorrindo!



SAUDADES
Tis vain to struggle - let me perish young

BYRON


Foi por ti que num sonho de ventura
A flor da mocidade consumi...
E às primaveras disse adeus tão cedo
E na idade do amor envelheci!



É ELA! É ELA!


É ela! é ela! - murmurei tremendo,
E o eco ao longe murmurou - é ela!...
Eu a vi... minha fada aérea e pura,
A minha lavadeira na janela!
Dessas águas-furtadas onde eu moro
Eu a vejo estendendo no telhado
Os vestidos de chita, as saias brancas...
Eu a vejo e suspiro enamorado!
Esta noite eu ousei mais atrevido
Nas telhas que estalavam nos meus passos
Ir espiar seu venturoso sono,
Vê-la mais bela de Morfeu nos braços!
Como dormia! Que profundo sono!...
Tinha na mão o ferro do engomado...
Como roncava maviosa e pura!
Quase caí na rua desmaiado!
Afastei a janela, entrei medroso:
Palpitava-lhe o seio adormecido...
Fui beijá-la... roubei do seio dela
Um bilhete que estava ali metido...
Oh! De certo ... (pensei) é doce página
Onde a alma derramou gentis amores!...
São versos dela... que amanhã decerto
Ela me enviará cheios de flores...
Trem de febre! Venturosa folha!
Quem pousasse contigo neste seio!
Como Otelo beijando a sua esposa,
Eu beijei-a a tremer de devaneio...
É ela! é ela! - repeti tremendo,
Mas cantou nesse instante uma coruja...
Abri cioso a página secreta...
Oh! meu Deus! era um rol de roupa suja!

Álvares de Azevedo
Pintor Elói Camerzini