sábado, 20 de fevereiro de 2010

Vinícius de Moraes

Dobrado de amor a São Paulo



São Paulo, 400 anos
E eu, coitada
400 desenganos de amor
Eu daqui não saio mais, de São Paulo,
Isso aqui está bom demais,
em São Paulo
Ai, que bem isso me faz
Se o frio aperta,
eu pego o cobertor
Abraço mais o meu amor
E vou até de manhã,
em São Paulo
Isso aqui está bom demais,
em São Paulo
Eu daqui não saio mais,
de São Paulo,
Ai, que bem isso me faz
Chuva, garoa, ventania,
Troco a noite pelo dia
O tempo passa devagar
Sinto um bem-estar no coração
Vem o dia
E o sol me encontra
Na avenida São João...


Vinícius de Moraes e Antonio Maria

YouTube - Há uma música do povo

YouTube - Há uma música do povo
Fernando Pessoa
Intéprete: Mariza

A um ausente

(...)Tenho razão para sentir saudade de ti,
de nossa convivência em falas camaradas,
simples apertar de mãos,
nem isso,
voz modulando sílabas conhecidas e banais
que eram sempre certeza e segurança.
Sim, tenho saudades.
Sim, acuso-te porque fizeste o não previsto nas leis da amizade e da natureza
nem nos deixaste sequer o direito de indagar porque o fizeste,
porque te foste.

Carlos Drummond de Andrade

Felicidade!

Quantas vezes a gente,em busca da ventura,
Procede tal e qual o avozinho infeliz:
Em vão,por toda parte,os óculos procura
Tendo-os na ponta do nariz!


Mário Quintana

Não se mate

Carlos, sossegue,
o amor é isso que você está vendo:
hoje beija, amanhã não beija, depois de amanhã é domingo
e segunda-feira ninguém sabe o que será.
Inútil você resistir ou mesmo suicidar-se.
Não se mate,oh não se mate,
reserve-se todo para as bodas
que ninguém sabe quando virão,
se é que virão.
O amor, Carlos,
você telúrico,a noite passou em você,
e os recalques se sublimando,
lá dentro um barulho inefável,
rezas,
vitrolas,
santos que se persignam,
anúncios do melhor sabão,
barulho que ninguém sabe de quê, pra quê.
Entretanto você caminha melancólico e vertical.
Você é a palmeira,
você é o grito que ninguém ouviu no teatro e as luzes todas se apagam.
O amor no escuro, não, no claro,
é sempre triste, meu filho, Carlos,
mas não diga nada a ninguém,
ninguém sabe nem saberá.


Carlos Drummond de Andrade

Haiti



O Haiti é um pequeno país situado na América Central, porém é a maior ilha do arquipélago caribenho.
Com uma economia frágil e fundamentada no turismo é hoje o país mais pobre da América . No passado, entretanto, essa pequena ilha foi revolucionária,a população de negros que no século XV eram trazidos da África, iniciaram um movimento revolucionário que culminaria na independência do país . País esse que em tempos passado tinha sido cedido a França pela coroa espanhola.
A independência do Haiti é peculiar, pois foi o único país em que o movimento de emancipação foi conduzido por negros.
Incrível! Esse movimento culminaria em 1804 na independência dessa pequena ilha , desse pequeno pedaço tão distante da África , tornando-se o segundo país a gritar independência no continente americano, já que o primeiro tinha sido os Estados Unidos da América .
Um passado glorioso e um presente conturbado e miserável, a maioria da população sobrevive com apenas um dólar e hoje sob intervenção da ONU e com a ajuda “dos soldados da Paz” tenta tomar o rumo da democracia; depois de anos de ditadura.
Mais um golpe duro!
No dia 12 de janeiro, um terremoto de 7,0 pontos na escala Richter assolou a pequena ilha e destruiu a capital Porto Príncipe. Ainda não se sabe os números oficiais de mortos , porém estima-se em mais de 7 mil vitimados .Essas vítimas, também foram vítimas do descaso e da desigualdade social, já que essa pequena ilha está à deriva desde os tempos da independência .
Muitas instituições sem fins lucrativos (ONG´s) e muitos países de diversas partes do mundo inclusive o Brasil prestam ajuda e solidariedade.
Bem Amigos,
Toda solidariedade é bem vinda, no exato momento, o país precisa de ajuda financeira.

Texto: A.C.Esteves

Projeto SP Arte


Favorecido: Embaixada da República do Haiti
Agência: 1606-3
Conta corrente: 91.000-7
Caso seja necessário, informe o CNPJ da Embaixada: 04.170.237/0001-71

Cartas de Amor - Parte I









Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.
Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.

As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.

Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.

Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.

A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são
Ridículas.

(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente Ridículas)



Álvaro de Campos

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Freguesia do Ó é Rosas de Ouro!





Rainha da bateria -Ellen Rocche



CACAU
Um grão precioso que virou chocolate sem duvida, se transformou no melhor presente!


A origem e consumo de Cacau remonta à América Central, actual zonas do México e Guatemala, já que era aqui se localizavam a Civilização Maia, Oltecas e sobretudo os Asteca, datado do séc. VI a. C. . Este último povo utilizou o Cacau pela primeira vez como bebida, era fria e espumosa, designando-a de "Choco - latl" ou "Tchocolath" ou ainda "Xocolatl". A curiosidade de os homens provarem tal fruto veio da observação dos macacos, porque estes sugavam a polpa do Cacau. Assim, os aztecas criaram uma bebida nutritiva que recorria a especiarias, acompanhas com papas de milho e vinho de acordo com o gosto, sobretudo do rei Asteca Moctezuma II, já que este escolhia um prato entre 100 possibilidades apresentadas, comia frutas, bebia e comia Cacau, fumava (uma espécie de cachimbo feito de bambu, onde se colocava tabaco, carvão e aromatizantes), sendo servido por quatro mulheres. Este alimento só era utilizado na América para fazer uma bebida que só podia ser consumida por uma parte da população, sendo a sociedade azteca era composta por escravos, camponeses, comerciantes, artesãos, funcionários, senhores, sacerdotes e o imperador. Embora todo o povo azteca cultuasse o Deus Quetzalcoat (símbolo da união da terra e céu, conhecido por mil aparências, síntese entre quetzal - pássaro de plumas e coalt - serpente) por ter oferecido o Cacaueiro aos homens, celebrando as colheitas com rituais de sacrifícios humanos dando de beber às vítimas taças de Chocolate; porque era considerado "o Alimento dos Deuses". Esta era a bebida favorita dos imperadores aztecas, considerados deuses e o controle das bebidas fermentadas era muito grande, só podendo ser consumidas em dia de festas rituais.

http://www.revistamedica.8m.com/histomed151.htm




CACAU

Um grão precioso que virou chocolate sem duvida, se transformou no melhor presente!


É tão doce sonhar
E recordar a própria história
Eu, que já fui dádiva celestial
Em misteriosas civilizações
Fui batizado de cacau
Caminhei entre Maias e Astecas
Consagrei o meu "valor"
Caí na graça e no gosto
Na taça do imperador

A nobreza da Europa, eu conheci
E num tal "mexe-mexe", eu me vi
Ganhei um gosto especial
A mistura "deu carnaval"!

Sou rei entre os presentes
Se for falar de paixão
Nos sentidos dessa gente
Posso tocar um coração
Agradeço a cada sonhador
Que me deu forma, brilho e cor
Estou aqui pra festejar
Hoje sou o símbolo da vida,
Renasci nessa avenida
Na escolha popular

Ta na boca do povo:
"O Cacau é Show"!
Sou Rosas, Rosas de Ouro
Meu sabor te conquistou!


Parabéns!


Rosas de ouro campeã do carnaval paulista 2010


Fotos

g1.globo.com












quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Ascenso Ferreira


imagem A.C.Esteves




Hora de comer, - comer!
Hora de dormir, - dormir!
Hora de vadiar, - vadiar!
Hora de trabalhar?
Pernas pro ar que ninguém é de ferro!





Ascenso Ferreira

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Cecília Meireles - I Parte





Cecília Meireles

"...Liberdade, essa palavra
que o sonho humano alimenta
que não há ninguém que explique
e ninguém que não entenda..."

(Romanceiro da Inconfidência)





" Minha infância de menina sozinha deu-me duas coisas que parecem negativas, e foram sempre positivas para mim: silêncio e solidão. Essa foi sempre a área de minha vida. Área mágica, onde os caleidoscópios inventaram fabulosos mundos geométricos, onde os relógios revelaram o segredo do seu mecanismo, e as bonecas o jogo do seu olhar. Mais tarde foi nessa área que os livros se abriram, e deixaram sair suas realidades e seus sonhos, em combinação tão harmoniosa que até hoje não compreendo como se possa estabelecer uma separação entre esses dois tempos de vida, unidos como os fios de um pano."


Cecília Meireles





Motivo


Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.

Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.

Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
- não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.

Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
- mais nada.



Cecília Meireles





Retrato


Eu não tinha este rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios,
nem o lábio amargo.

Eu não tinha estas mãos sem força,
tão paradas e frias e mortas;
eu não tinha este coração
que nem se mostra.

Eu não dei por esta mudança,
tão simples, tão certa, tão fácil:
- Em que espelho ficou perdida a minha face?



Cecília Meireles